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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Buda morreu comendo porco? [artigo traduzido]

Traz algumas informações interessantes. Para aqueles que não conhecem a história, há uma divergência de opiniões sobre a morte do Buda. A literatura diz que ele morreu depois de fortes dores estomacais e diarreias, e alguns afirmam que isso aconteceu por comer um guisado de carne de porco. Se baseando também nisso, sustentam que o Buda comeu carne ou que permitiu isso no fim de sua vida. Contudo, pesquisas - já faz bastante tempo - demonstram que essa afirmação é perversa e é fruto de um erro de tradução.

Upasaka Pundarikakarna

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O Buda morreu comendo porco?
Waley, Arthur
Melanges Chinois et bouddhiques (vol 1931-1932, p.343-354)

Qualquer um que tenha interesse na história do Budismo é levado a perguntar de tempos em tempos se seria verdade que o Buda morreu comendo porco. A ideia de que ele poderia tê-lo feito então vem como uma surpresa para a maior parte dos europeus; já que estamos acostumados a associar vegetarianismo como parte intrínseca do Budismo. Questionadores com uma curvatura de espírito iconoclasta estão ansiosos para confirmar que Buda foi algo bem diferente do convencional homem santo, forte e ao mesmo tempo pouco pretensioso, enquanto aqueles que têm valorizado a figura de Gautama, o santo, imune a todo apetite e desejo mundano, estão preocupados com uma autoridade segura para a interpretação figurativa da passagem sobre o comer porco[1].

A facilidade com que essa pergunta é respondida depende da extensão das pesquisas do informante. Considerando apenas a própria passagem e unicamente do ponto de vista do Budismo Páli, eu creio que qualquer um não influenciado por pré-concepções românticas sobre a personalidade do Buda pode chegar à conclusão[2] de que as palavras suukara-maddava (macio como porco) são para ser tomadas literalmente.

O quanto antes, contudo, alguém estudar a questão por um aspecto mais amplo e, levando em consideração que os igualmente iniciais[3] documentos hinayana chineses traçam a história da atitude budista em relação ao consumo de carne, toda a questão se torna infinitamente mais complicada e uma resposta confiável torna-se longe de ser fácil de oferecer.

A história da ultima refeição do Buda, como é contada no Sutra Mahaparinibbana (Sutra da Grande Extinção) é bem resumida por E. J. Thomas[4]. Em Pava, Buda esteve no mangueiral do bosque do ferreiro Cunda. Lá, Cunda ofereceu uma refeição de comida excelente, em parte firme e em parte macia, com uma grande quantidade de suukara-maddava. Antes da refeição Buda disse, “Sirva-me Cunda, com o suukara-maddava que você preparou, e sirva com os outros alimentos mais firmes e mais macios.” E assim Cunda fez, e depois da refeição Buda disse-lhe para jogar o restante do suukara-maddava dentro de um buraco, pois percebeu que ninguém mais no mundo poderia digerí-lo além do Tathagata[5]. Veio uma doença aguda, com sangue vertente e violentas dores mortíferas, mas Buda conscientemente as controlou... e foi levado para Kusinara.

A palavra Suukara-Maddava não ocorre em nenhum outro lugar (exceto em discussões sobre essa passagem) e o radical -maddava é passível de pelo menos quatro interpretações. Considerando que venha da raiz de MRD 'macio', cognata com o latim 'mollis', é ainda ambíguo, pois ainda pode significar “partes macias de um porco' ou 'comida macia de porco', ou seja, comida da qual porcos se alimentam.[6] Mas pode ainda vir da mesma raiz de 'moinho' e significar “amassado por porcos”, ou seja “pisado por porcos”. Ainda há um outro significado semelhante a “satisfazer” e, como veremos abaixo um estudioso supôs a existência de um vegetal chamado 'deleite de porcos'.

A questão de se Buda comeu ou não porco, naturalmente se apresentou tanto para a mente leiga como teológica. Na realidade, contudo, nenhum ponto teológico está envolvido. Mesmo especialistas têm compreendido muito imperfeitamente que na história tardia do Budismo, o comer carne seria permitido, sob determinadas circunstâncias extremamente excepcionais. O monge Budista deve abster-se de comer carne se ele 'souber, ouvir ou suspeitar' de que ela teria sido morta especialmente para ele[7]. A atitude permitida era muito rara; por exemplo, era considerado errado para um monge ir a uma casa específica e pedir comida, a menos que ele estivesse doente. Mas ele poderia se o dono da casa dissesse a ele 'há algo mais que você queira pedir?'

Então não era, por conseguinte, no mínimo surpreendente que no comentário do Digha-nikaya sobre a ultima refeição do Buda, Buddhaghosha (início do século V) tenha sido conciso ao tomar sukara-maddava como significando porco. Mas o comentário do Udana[8], ao lidar com essa passagem diz: sukara-maddava no Grande Comentário[9] afirma ter sido carne de porco preparada macia e bem oleosa; mas alguns dizem que não seria carne de porco, mas um broto que era pisado por porcos; outros ainda que era um cogumelo que crescia num lugar pisado por porcos; ou ainda tomar isso num sentido de ter o sabor parecido.

Uma primeira impressão ao ler tais explicações 'vegetarianas' é que são puro sofisma, datados de um tempo quando a ideia do Buda comendo carne ter sido tão inaceitável que os comentaristas se viam obrigados a torcer de toda forma o significado da passagem para outro sentido.

Se nenhum outro vegetal com o nome semelhante existiu, então seria quase certo que a explicação do 'cogumelo' seria mera fantasia. Mas Neumann[10] tem mostrado que em Narahari, Rajanigha, dentre os nomes de plantas medicinais, ocorre toda uma série de palavras compostas por 'porco' como primeiro elemento; como sukara-kanda, 'bulbo de porco'; sukara paadika, 'pé de porco'; sukareshta, 'procurado por porcos'. Numa analogia com o passado Neumann é inclinado a tomar sukaramadava como significando 'deleite de porcos' e assume que seria o nome de algum tipo de trufa.

Parece-me que filologicamente, a visão de Neumann tinha muito a dizer mas não foi suficientemente levada em consideração. Parece perfeitamente concebível que os comentaristas que suspeitaram da 'explicação' da expressão 'porco' estavam realmente melhor informados do que Buddhaghosha. Nomes de plantas tendem a ser locais e relacionadas com dialetos. É bastante provável que uma tal expressão como sukara-maddava signifique 'trufa' em Maghada e isso pode, nos centros mais ocidentais e orientais onde o budismo Pali veio a existir, ter sido inteiramente desconhecido e consequentemente mal compreendido.

Infelizmente o termo, tal como é conhecido, ocorre unicamente nessa passagem e em discussões sobre ele. Nenhuma expressão correspondente em Sânscrito parece existir.

Os Documentos do Hinayana Chinês

O relato do falecimento do Buda ocorre no segundo livro do Dirghagama[11]. Tal versão foi traduzida em 412-413 e é, portanto, contemporânea a Buddhaghosha. Ele apóia a teoria 'vegetariana'. Cunda preparou 'um guisado separado de orelhas de madeira que nascem na árvore de sândalo, que o mundo estima como grandes em delicadeza.' 'Orelha de madeira' ainda é uma palavra corrente em chinês para cogumelos que crescem no tronco de árvores. Fragmentos do Dirghagama em sânscrito ainda existem, mas infelizmente não nessa passagem. Presume-se que a frase sânscrita na capa do tradutor chinês seja Candana ahicchatraka, candanachattra ou algo assim.

Há quatro outras versões do 'Sutra da Grande Extinção', a saber.
1.       Nanjio 552, traduzido em 290-306 por Po Fa-tsu.
2.       Nanjio 119, tradutor desconhecido.
3.       Nanjio 118, falsamente atribuidos a Fa-hsien.
4.       Uma longa passagem[12] no Kshurakavastu do Mulasarvastivada Vinaya (traduzido no ano de 710).

Em nenhum desses trabalhos a natureza da comida que Cunda ofereceu é especificada. A passagem é citada no 'Questões de Milinda' (mais ou menos 175); mas em uma seção que que também está faltando nas versões chinesas.

A ideia então, de que o Buda tenha comido carne de porco é completamente ausente do Cânone Chinês e pode nunca ter sequer entrado na cabeça de qualquer budista do extremo oriente até que as escrituras Páli começaram a ser estudadas no fim do século XIX.

Houve, realmente, uma outra ocasião[13] quando o buda aceitou oferta similar. O chefe de família Ugga trouxe alguns sukaramamsa. Aqui novamente o cânone chinês nos falha, pois tal sutra não existe no Ekotaragama ou em qualquer outro lugar. Ninguém, eu penso, jamais sugeriu que sukaramamsa (carne de porco) não signifique realmente porco.

Tudo que foi dito até agora se aplica somente ao Hinayana. Do ponto de vista Mahayana não é apenas uma questão filológica, mas também uma questão de moralidade que está envolvida; pois para o que nos é bem conhecido das principais escrituras Mahayana, todas proíbem completamente o consumo de carne.

Os primeiros trabalhos contendo tal proibição[14] são o Sutra Mahaparinirvana, uma remodelação do Sutra da Grande Extinção. Quando Fa-hsien visitou a Índia no século V, ele encontrou todo o meio do país (Madhyadesa, ou seja, Magadha e partes circundantes) 'de pessoas que se abstinham de tomar vidas. Não bebiam vinho nem comiam cebolas ou alho... eles não criam porcos ou aves, nem vendem alimento animal'[15].

Quando Fa-hsien perguntou qual autoridade escritural foi usada para tal proibição absoluta de carne, sem dúvida alguma o Sutra Mahaparinirvana foi citado. E certamente que Fa-hsien teve particular interesse nesse sutra, pois adquiriu uma cópia para si em Pataliputra e foi essa versão que traduziu para o chinês em 417 EC.

Qual foi a origem dessa nova visão sobre a alimentação com carne, o que parece ter surgido em algum lugar por volta do século III?

Uma explicação que me ocorre é a que segue: Os reis Gupta, que neste período reinaram por toda região média do país toleravam o Budismo e às vezes prestavam suporte, eram eles adoradores de Vishnu. Agora, o ascetismo Vaishnava afirma que “deve-se abster de todo tipo de comida de origem animal'[16] e isso pode naturalmente ter ocorrido aos Budistas de dizer 'se mesmo os equivocados Hindus se abstêm da carne, quanto menos devemos nós...' ou algo desse tipo. Tal hipótese encontra confirmação completa no Sutra Lankavatara[17], um trabalho mais tardio do que o Mahaparinirvana: 

'Se mesmo os infiéis em seus tratados heréticos e os Lokayatikas em seus ensinos mundanos e aqueles que caem no erro de considerar os fenômenos quer como permanentes ou como sem duração, como existentes ou não existentes, mesmo tais pessoas proíbem o uso de carne...' 
E novamente[18]: 'Mesmo magos seculares se abstêm de carne, sabendo que disso depende o sucesso de seu desempenho; quanto mais os meus discípulos na busca do supremo caminho espiritual do Tathagata...' etc.

O Lankavatara tem, de fato, um capítulo especial[19] (Mamsabhakshana) que lida com a proibição da carne. Para justificar tal proibição, ele se refere a cinco sutras[20]: o Angulimata, o Mahanegha, o Srimala, o Hastikakshya e o Mahaparinirvana.

O primeiro é o bem conhecido sutra Hinayana e em sua forma inicial[21], é claro que não contém tal proibição. Ela existe, contudo, numa forma expandida Mahayana e em uma passagem[22] que diz que 'os Budas não comem carne'. A segunda (traduzida em 414-421) contem uma referência muito indefinida[23] para a questão.

A terceira não contém nenhuma referência ao assunto, e é, obviamente citada por engano com o Angulimala. A quarta[24] meramente diz que a eficácia da recitação do fim do sutra depende da abstenção de carne.

É evidente que no tempo em que o Lankavatara foi composto, o Mahaparinirnava era a única escritura que definitivamente proibia a alimentação com carne. Quando então, o Mahayana por si próprio produziu seu conjunto de regras monásticas, teve autoridade para impor o completo vegetarianismo. E de fato, Fan-wang Ching[25], que budistas do extremo oriente considera como a fundação de suas regras monásticas, o comer carne, não como uma falta grave, mas como uma das quarenta e oito 'degenerações leves'. Isso é considerado menos grave do que, por exemplo, perder o controle.

Mas voltando à questão da última refeição do Buda, vimos que filologicamente não há razão pela qual sukara-madava não ser realmente o nome de uma raiz ou cogumelo. E certos de que esse era o significado original, é bastante compreensível que depois que o centro do Budismo se deslocou do oeste para o sul[26], seu sentido original pode ter se perdido.

Se o Budismo Hinayana via o consumo de carne com horror, os comentadores dos sutras encontrariam-se numa posição desconfortável. Realmente, contudo, não tiveram (como podemos ver) nenhum preconceito e foi relativamente fácil para eles aceitar o termo sukara-maddava como carne de porco. Os 'outros comentadores' que mantiveram que foi preparado um vegetal, mantinham tal hipóteses não como teólogos desonestos, mas meramente como pessoas que vieram de alguma parte da India onde o termo sukara-maddava no sentido de um vegetal ainda era corrente. Eu desconheço qualquer argumento que pode tornar tal hipótese insustentável.

A alternativa é supor que, apesar de não haver nenhum trabalho Hinayana que contenha qualquer proibição geral da alimentação por carne, o sentimento em favor do vegetarianismo, que prevalecia no mundo[27], afetou tanto o budismo Hinayana quanto o Mahayana, com o resultado de que certos comentadores se chocaram com a ideia do Buda comer carne de porco e criaram uma fantasiosa interpretação para a passagem. O mesmo sentimento, deve-se supor, é responsável pela substituição do cogumelo pelo porco na versão chinesa.

Creio que a segunda teoria envolve muito mais suposições infundadas do que a primeira. Mas no estado atual de nosso conhecimento, ambas me parecem razoáveis. O interesse no questionamento acima, apesar de seu resultado negativo, reside na imagem oferecida do método pelo qual o Budismo se adaptou à correntes de pensamento e sentimento em completo contraste com o Cristianismo. Sempre, sob influência de um ambiente novo ou pensamento criativo individual, os budistas eram atraídos por um novo ponto de vista, eles sentiam necessidade de investir nesse ponto de vista com alguma autoridade escrita. Assim, desde que a religião tornou-se um organismo vivo, suas escrituras continuaram a se expandir e o Tripitaka em sua forma Hinayana e Mahayana são em si próprios uma história do Budismo. Tal método, que implica na capacidade crítica do fiel tornando-a tão ilimitada que eles estarão a qualquer momento aptos a aceitar um documento moderno e recém-descoberto ensinando sobre o Fundador, não seria possível no ocidente. Ao invés disso, a igreja Cristã foi forçada a adotar complicadas interpretações metafóricas das escrituras, particularmente do Velho Testamento, mas teve (desde um período muito antigo) escrupulosamente evitado a política de expansão e interpolação que produziu a riqueza do Tripitaka. Assim, enquanto no ocidente há os trabalhos dos teólogos aos quais devemos nos voltar se quisermos estudar as sucessivas fases do Cristianismo, no budismo todo o processo de desenvolvimento reside aberto perante a nós nas próprias escrituras.

O método ocidental tem suas vantagens. É fácil considerar os teólogos do passado como passíveis de falha. No Budismo, ao contrário de sucessivos estágios de doutrina, muitas vezes incompatíveis com o que veio antes, são expostas nas escrituras o que todos afirmam por igual direito serem as verdadeiras palavras do Buda. Divergências encontradas, inadequações eram resolvidas sustentando que as escrituras tardias foram misteriosamente deixadas em suspensão até que o mundo estivesse apto a recebê-las.

Em um caso como o que tenho discutido, o tipo de explanação não seria muito convincente e não é de se estranhar que o grande biógrafo budista e compilador Tao-hsuan (596-667), que fundou uma vertente que baseia seu ensino no Vinaya, envergonhou-se do fato de que essa parte das escrituras dizia que comer carne (considerado pelos Budistas do século VII como algo horrendo) era algo mais do que definitivamente permitido. Felizmente a dificuldade foi resolvida por uma visão em que uma profecia[28] era revelada a ele, para o efeito que nos dias degenerados, muito tempo após a morte do Buda, haveria monges que, encontrando suporte nas passagens das escrituras Hinayana, desvirtuariam o significado do Vinaya e fingiriam que o Buda permitiu aos monges se alimentar de carne. 'Naqueles dias, os monges em seus templos assassinarão seres vivos, fazendo dos lugares em que vivem em nada melhores do que um lar de caçadores e açougueiros.'




[1]    Mahaaparinibbaana-sutta(Diighanikaaya 16). Traduzido em Dilogues of the Buddha II, 137.
[2]    Como recentemente os editores do dicionário da Pali Text Society têm feito.
[3]    Eu não vejo razão para afirmar que os Agamas sânscritos (preservados em chinês), num modo geral, são posteriores aos Nikayas Pali. Em alguns casos eles podem certamente se mostrar anteriores. O mesmo se aplica aos vários Vinayas (regras monásticas) Hinayana preservados em chinês.
[4]    The Life of Buddddha (Kegan Paul. 1927)p.149.
[5]    Nada na história é estranho como esse aparente toque de ironia.
[6]    Se derivado do radical maddava, pode ser comparado etimologicamente à nossa palavra 'malva', a planta macia, suave.
[7]    Majjhima Nikaaya (Jiivaka Sutta) 55. Penso que não há correspondente dentre os Agamas chineses; mas a mesma permissão é dada nos Vinayas hinayana chineses. 58 (Taishoo Tripi.taka xxii, 998b).
[8]    i, 399; Edição de Steinthal do Udaana, p. 81 seq.
[9]    Agora perdido, para tal passagem veja  Edward  Thomas, loc. cit.
[10]  Prefácio do Majjhima Nikaaya, p.xx.
[11]  Taishoo Tripitaka, i, 18b.
[12]  ibid. xxiv, 382 seq.
[13]  Veja Anguttara Nikaaya, Vol. III, 49, (Manaapad-aayii).
[14]  Tradução de Fa-hsien  (Nanjio, 120), Taishoo  Tripi.taka, xii,868c. As palavras na versão do Dharmakshema   (Thaishoo   Tripi.taka   xii,   386b)   são idênticas.  A assim chamada Versão do Sul (Nanjio 114) é meramente uma transcrição de Nanjio 113 com uma divisão de capítulos imitada de Nanjio 118 e algumas poucas alterações verbais.   [Para os resumos dos Sutras aqui relatados veja em P.Demieville, BEFEO. 1920, 4, p.165-167: ((L'ermite  fait voeu de ne jamais manger de viande, ainsi que l'ordonnent les suutras de misericorde  de tous les buddhas...AAnanda  fait  remarquer  combien est ((etrange  et particuliere)) cette  prescription de  s'abstenir  de  viande.)) ¢w Morale bouddhique, 63-64.]
[15]  Taishoo Tripi.taka, i, 859b.
[16]  Vish.nu Sm.rti, 51,72 (Sacred Books of the East, vii, 171).
[17]  Tradução de Bodhiruci.Taishoo Tripi.taka, xvi, 561a.
[18]  Taishoo Tripi.taka, xvi, 562b.
[19]  Tradução de Gu.nabhadra ( 443 A. D. ), Taishoo Tripi.taka, xvi, 513c.
[20]  Tradução de Gu.nabhadra (514b) adiciona o Mahanirvana, e substitutos ao 'Sriimaalaa para o Angulimaala.
[21]  Majjhima-nikaaya 86. Samyuktaagama 1077. Taisnoo Tripi.taka ii, 281.
[22]  Ibid, ii, 540.
[23]  Ibid, xii, 1099c.
[24]  Ibid, xvii, 787a. Traduzido em 424-441.
[25]  Ibid, xxiv, 1005b. Isso supõe-se ser um trecho de um longo trabalho em sanscrito. Mas o Chung Ching Mu Lu (Nanjio 1609;  compilado em 594 A.D.) o descarta como forjado. A versão tibetana, que não tem título sânscrito e meramente prefixa uma referência ao título chinês, é provavelmente traduzida do chinês. Parece provável que a obra tenha sido composta originalmente na China por volta de antes de 507; pois nesse ano, em uma conferência convocada pelo imperador Wu da dinastia Liang para discutir a questão do consume de carne, o Fan-Wang Ching não é citado entre outras escrituras relevantes. É interessante que uma das autoridades em Vinaya que ofereceu a evidência dessa pergunta confessa que ele próprio não era um vegetariano (Taisho, Lii, 299).
[26]  Depois da perseguição de Pushyamitra (185-148  B.C.).
[27]  Cristãos gnósticos advocavam o completo vegetarianismo.
[28]  FA Yuan Chu-lin, Ch. 94. Taishoo Tripi.taka Lvii,980c, citando o trabalho perdido de Tao-hsuan, I-fa  Chu-chih Kan-ying Chi

22 comentários:

  1. Esse blog está cada dia melhor! Só artigos de alto nível! Parabéns ao tradutor!

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  2. O mito da dieta estritamente vegetariana do Buda Gautama e de seus discípulos é um erro histórico e doutrinal surgido tardiamente no mahayanismo, que foi sustentado nos seus sutras apócrifos. A fonte mais antiga para os discursos do Buda, que é o cânone pali, demonstra de forma clara que o Buda e seus discípulos ordenados aceitaram varias vezes oferendas de carne dos leigos. Mesmo porque na Antiguidade, que atravessou várias épocas de escassez de alimentos (não tinha supermercado e outras facilidades como hoje), não se podia dar ao luxo de exigir, dos já sacrificados aldeões, que muitas vezes compartilhavam de boa vontade o único que tinham para comer com os "homens santos", algum tipo especial ou específico de alimento.

    Sabendo muito bem disso, o Buda apenas pediu que seus monges se abstivessem de alimentos que eles soubessem que foram abatidos especialmente para eles. Como se hoje em dia, eu chegasse na fazenda do fulano e ele mandasse matar um boi para mim, querendo me agradar ou ser hospitaleiro. Pelo contrário, o cânone do Tripitaka mostra que quem exigiu que o Buda Sakiamuni fizesse uma regra ordenando uma dieta estritamente vegetariana aos bikkhus foi o primo invejoso do Buda, Devadata.

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    1. O Budismo não parou no tempo. Hoje há facilidade.

      Quem em sã consciência mataria um animal para agradar alguém que ensina a compaixão entre os seres? A regra de "poder comer se não foi abatido para ele" tinha a ver com o fato dos monges pedirem comida de porta em porta e não poder pular casas ou escolher onde pedir. Se viesse carne na tigela E NÃO TIVESSE COMO TIRAR ela poderia ser comida. Quer dizer que se comeria num total acaso. Mas acho que você entende muito bem de regras.

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  3. Os sutras e o Vinaya mostram que quando o general Siha "se converteu" do janinismo para o Budismo, ele fez uma oferenda de carne ao Buda e os bikkhus, e sabendo disso, os jainistas criaram o boato maldoso de que o animal tinha sido abatido especialmente para a ocasião e o Buda tinha concordado e aceitado esta oferta, quando na verdade o animal tinha sido morto anteriormente a conversão do general Siha. Aconselho a estudarem melhor as fontes budistas primárias (mais antigas): Os sutras do Tripitaka (Nikayas pali ou Ágamas chineses) e os Vinayas theravada, sarvastivada e mahaguptaka, bem como as obras sobre o assunto de historiadores e estudiosos sérios do Budismo.

    Portanto, não essa questão é muito mais complexa, profunda e abrangente do que se era o cogumelo "delícia de porco" ou o própria carne de porco que intoxicou o Buda no fim da sua vida, se tem algo sobre isso na literatura tardia mahayanista, ou se os brâmanes vedantinos, rivais do Budismo, tinham alguma literatura sobre isso.

    A literatura mahayana tardia, fruto da interpolinização cultural da rota da seda, e com muita influência dos brâmanes do Norte e do Noroeste da Índia, convertidos ao Budismo (que traziam suas regras e costumes, assim como um judeu ortodoxo), surgiu durante império Kushan em Gandhara. E o historiador sério deve buscar a verdade na nascente do rio (Budismo antigo indiano), e não nos seus afluentes (mahayanismo kushan, chinês e japonês).

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    1. Um historiador sério reconhece o vegetarianismo como uma prática corrente e recomendada como característica de homens superiores na India.

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    2. Tão "sério", que invés de ser imparcial, faz juízo de valores sobre quem come ou deixa de comer.

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    3. Os impérios macedônico e romano, os maiores impérios aryanos que já existiram segundo alguns, conquistaram o mundo antigo com soldados movidos a carne, e não somente a vegetais. Vai ver todos estes impérios foram formados por "homens inferiores". Aliás, as provas arqueológicas e históricas demonstram que os indianos comiam carne e faziam sacrifícios de animais. Alguns eram vegetarianos, como grande parte da casta brâmane, não todos. Se assim fosse, o Buda não precisaria ter feito o sermão registrado no sutra do "sacrifício sem sangue".

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  4. Duas introduções bem básicas sobre este polêmico assunto:

    http://www.buddhanet.net/e-learning/dharmadata/fdd21.htm

    http://www.acessoaoinsight.net/arquivo_textos_theravada/comer_carne.php

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    1. Sempre recomendo o Acesso ao Insight para que todos possam ler os sutras e há muitas fontes interessantes no BuddhaNet.

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  5. Outro aspecto importante a ser levado em conta, é que conforme a prática e o treinamento baseados na doutrina do Buda, o bikkhu era um renunciado que não podia escolher, pré determinar ou exigir o que iam colocar na sua cumbuca, por estar praticando o desapego a determinadas sensações visuais, aromáticas e gustativas. E este era outro motivo porque o Gautama não exigiu o vegetarianismo como regra restritiva, como fizeram crer os sutras do budismo mahayanista.

    Quando um theravadhin defende e sustenta que uma determinada regra restritiva maior não pode ser quebrada ou retirada sem destruir o caminho budista do praticante, porque esta é essencial à obtenção da transcendência de determinado apego, klesha ou aspecto do samsara, ele é chamado de "hinayanista" e tratado como se fosse um tipo de "judeu ortodoxo apegado as regras da Lei". Porém quando nós provamos que são os mahayanistas que se apegam a uma regra restritiva menor baseada em seus sutras, mas que era inexistente nos ensinamentos mais antigos e próximos historicamente do próprio Buda, como o "vegetarianismo", aí eles não são apegados à regras, né?!.

    Um exemplo deste tipo de regra maior gravidade são as quatro ofensas parajika, que não podem ser cometidas sem a devida expulsão da sangha, não só porque são regras que tem de ser compreendidas dentro do contexto do ensinamento budista (tem sua razão instrumental e essencial de ser), assim como foram criadas e estabelecidas pelo próprio Buda em vida devido a episódios identificados e devidamente registrados no cânone mais antigo (Tripitaka). A prova histórica deste fato é que estas quatro ofensas são igualmente encontradas em todos os três Vinayas: Sarvastivada, Dharmagupyaka e Theravada. Demonstrando assim ser um patrimônio em comum, que não foi criação em particular de nenhuma seita ou escola Budista.

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  6. Se a regra está no Brahmanjala mahayanista, no Sutra do Lótus, ou no sutra da suprema sabedoria do incomparável bodhistva raio de luar pérola-dourado com bolinhas azuis, então todo mundo tem que compreender e respeitar... Mas se esta regra é comum aos três Vinayas e aos sutras dos Nikayas ou dos Ágamas do Tripitaka, então que se dane, né?! Mesmo que tenha vindo do próprio Buda Gautama, não é preciso compreender a regra nem seu contexto e objetivo dentro da prática da doutrina Budista, porque esta regra é descartada como sendo "apenas um tipo de apego hinayanista à regras antigas"... Quanta hipocrisia!

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    1. A questão não tem a ver com regras, se você não leu nenhum outro post com a abordagem mais aprofundada sobre a relação homem e animais. Seu raciocínio é bem restrito, só veste uma roupa de pseudo-intelectualidade com parágrafos enormes e enfadonhos. Seu pensamento é hinayanista, eu já escrevi isso antes.

      Se você não reparou, sua atitude serve apenas para reforçar o próprio ego, pois é incapaz de enxergar nessa tradução de um ARTIGO CIENTÍFICO, uma proposta, uma hipótese e nada sobre "regras mais antigas" (o que é ridículo) ou regras "mais novas". Além do mais, independente de estar supostamente fundamentado ou não, da insistência da mentalidade de "pecado e mandamento" e não nas raízes e legitimação da finalidade, também não consegue perceber que mesmo separado disso tudo, é o incentivo a uma prática que guia as pessoas a um comportamento superior, sendo ou não budistas.

      Se não fosse apenas para curtir seu momento "sou polêmica", e seu interesse fosse em algum momento proteger o Dharma, teria entrado em contato com qualquer um de nós pessoalmente, pois mostramos a cara e conversamos com vários leitores.

      E por último sobre o "incomparável bodhistva raio de luar pérola-dourado com bolinhas azuis". Você vai sempre aos blogs alheios desrespeitar a religião dos outros? Quero te lembrar o Decreto Lei nº 2848/40, Artigo 208 diz que "escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença religiosa" é crime e a pena é de detenção, de um mês a um ano, ou multa.

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    2. Egocêntrico é você que reage com dez pedras na mão toda vez que alguém contradiz seu ponto de vista seu fanático religioso! Não consegue debater com ninguém? Excluiram a opção para comentários anônimos porque? Estão arregando para o debate do Dharma seus covardes? Estão com medo de perder o debate para um simples "pseudointelectual"? Pode me chamar do que você quiser, falar mal do meu estilo de escrita, mas não refutou meus argumentos com sua "doutrina superior". Chamar os outros de inferior sim é arrogancia mahayanaista. "Hinayana quer dizer inferior, e esta foi uma ofensa embutida nos falsos sutras mahayanistas. "Pseudo" são esses seus sutras apócrifos introduzidos pelos kushanos em Ghandara.

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    3. Um verdadeiro sutra nunca conteria ofensas à outros budistas como os depreciativos comentários nos sutras mahayanas à Sariputra e os "hinayanistas". "Sutras" que precisam se auto-exaltar e prometer benefícios incontáveis aos seus copiadores e recitadores, parecem algo necessita se afirmar. Este não é o mesmo estilo dos sutras do Tripitaka, que apontam ser em seus primórdios, apenas uma tentativa de preservar os discursos do Buda. Vou processar o "mahayana" no mundo moderno por ofender a doutrina alheia em seus sutras...

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    4. O "sutra de Vimalakirti" diz que o Ven. Sariputra foi procurar umas cadeiras, quando sabemos que indianos renunciantes teriam sentado no chão ou em grama kusha quando oferecida pelos outros. Mais um sutra fake inventado na China. No "sutra do Nirvana" mahayanista os monges podem usar "alabardas", uma arma que era conhecida apenas na China no tempo Antigo, mas não na Índia no tempo do Buda. Já o Brahmanjala mahayanista diz que não se deve ter armas e armadilhas para animais em casa.

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    6. Este estilo de tentar desmerecer o oponente, chamando-o de "enfadonho" ou "pseudo", sem refutar seus argumentos é tipico do teu "mestre". Aprendeu estas patifarias intelectuais com ele, foi? E agora brinca de siga o mestre... Sei. Se quer estudar tanto para ser apenas mais um sofista charlatão, tem um livro bom para você, aquele de "Como Vencer um Debate Sem Ter Razão". Procura na estante do teu "mestre" que ele deve ter um exemplar.

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    7. Realmente, sempre senti muita "compaixão" nos comentários agressivos, sarcásticos, irônicos e cheios de egocentrismo e hipocrisia do teu "mestre". Agora tu vai pelo mesmo caminho que ele, todo cheio de veneno e de orgulho intelectual por conhecer "da forma correta" o Dharma, atropelando todo budista de outra escola que vê pela frente, porém, ladeira abaixo em matéria de verdadeira humildade e compaixão. É realmente uma pena... Não esquenta com meus comentários. Estou aprendendo com vocês mahayanistas a utilizar a "compaixão irada". Minha intenção é te tirar desta canoa furada, ainda que eu acredite que vai ser impossível frente ao orgulho de ter encontrado o "grande defensor do Sutra do Lótus". É, ele é no Brasil o que o Nitiren foi no Japão.

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  7. Não faz sentido dizer que respeita e tem compaixão pelos seres sencientes e os comer. Não preciso de nenhum estudo "histórico" para compreender isso. Simplesmente, o uso de um pouco de lógica e "bom senso" já me faz perceber a superioridade dos ensinamentos Mahayana também nesse ponto.

    "O comedor de carne perde a semente da Grande Compaixão, corta a semente de sua natureza búdica e faz com que todos os seres (animais e transcendentais) o evitem. Aqueles que o fazem são culpados por inumeráveis ofensas. Assim, Bodhisattvas não devem comer carne de nenhum ser senciente que seja.”

    Brahmajala-Sutra

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    1. Não faz sentido dizer que tem compaixão pelos animais e usar milhões de produtos de origem animal. Fruto de milhões de animais mortos. De um simples xampu a um foguete que leva o satélite que você usa para acessar serviços de telefonia e internet, todos tem algum tipo elemento extraído de animais mortos. É uma regra ou comportamento simplesmente impraticavel do ponto de vista lógico. Já que apenas parar de comer carne não resolve nem um pouco o problema. Quando um monge idoso pisou em algumas formigas, o Buda disse que ele não gerou karma por não cometer este ato intencionalmente. Do ponto de vista histórico, da vida real, a humanidade não estaria aqui hoje se não tivesse matado animais para fazer ferramentas ou se vestir com as peles em épocas de clima mais glacial.

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    2. Estou baseando meu argumento tanto no contexto histórico do que foi proposto pelo Buda, quanto uma análise dos fatos atuais. Pois um praticante teria que ser praticamente um vegano radical e não apenas um vegetariano se quisesse para de apoiar a matança em escala industrial de animais.

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    3. Não estou dizendo que os budistas não devam ser vegetarianos. Na minha opinião devem procurar ser, sim. Só estou colocando que isto surgiu como uma regra somente no mahayana, no veículo dos bodhisattvas. E que, baseando-se nas fontes mais antigas, como o Tripitaka, não ouve imposição neste quesito por parte do Buda, mas havia por parte do Devadatta.

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